12.6.10

A educação de Parnamirim: lorota para engambelar menino buchudo

Cosme Ferreira

Surpreendo-me quando algumas pessoas vêm a mim dizer que a educação de Parnamirim é uma das melhores do nosso Estado. Tal opinião embasa-se no total e completo desconhecimento da realidade educacional do município. Parece-me que os indivíduos que trazem à tona essa lenga-lenga consideram, para fins de avaliação, unicamente o aspecto externo das escolas – uma bela fachada, casca superficial que esconde um interior esmarrido – e as falácias que a assessoria de imprensa do prefeito Maurício Marques veicula na mídia.

As escolas parnamirinenses estão bem longe de ser adequadas às necessidades do alunado. No que tange à infraestrutura, boa parte das salas de aula sequer dispõe de ventiladores. Resultado: sobretudo no turno vespertino, quando o calor é intenso, professores e alunos têm as suas forças drenadas, suando o tempo inteiro. Difícil concentrar-se na aula desse jeito.

Além do mais, não há, na maioria das escolas, bibliotecas organizadas – quando existem, são apenas um amontoado de livros não catalogados, sem dispor de bibliotecárias –, salas de vídeo, laboratórios de informática e de ciências. E – homessa! – os livros didáticos, ferramenta pedagógica fulcral, são uma prerrogativa de poucos estudantes das escolas do município. Em relação ao lazer, quando muito, estes contam somente com uma quadra, adaptada para se jogar uma única modalidade esportiva: o futebol. Como se sentir bem num ambiente assim?

Quanto aos recursos humanos, os auxiliares de serviço geral e o pessoal de secretaria são, na maior parte das vezes, contratados pela prefeitura – nega-se à população o direito de ingressar nesses quadros por meio de concurso público. E o que é ainda mais grave: diretores e vice-diretores são escolhidos pelos vereadores! Isso mesmo, caro leitor. Eis a lei da politicagem. A gestão não está ao lado da escola, dos professores e alunos; não busca melhorias para a educação do município; trata-se de um instrumento de repressão, exercendo seu mandato da forma mais discricionária possível – gestão democrática, em Parnamirim, é conto da carochinha.
Em termos de condições salariais, os problemas são diversos. Mencione-se, a título de exemplo, a situação dos professores. Raimunda Basílio, secretária de Educação do município, teve o cinismo de afirmar, em rede local de televisão, que o Piso Salarial para a categoria é cumprido à risca em Parnamirim. Balela tamanho-família. Os docentes com nível superior não ganham nem o salário-base instituído pela Lei do Piso – pouco mais de R$ 1.300,00. Para piorar a situação, a Câmara dos Vereadores nega-se veementemente a negociar um Plano de Carreira justo e digno à categoria. Outrossim, para aqueles docentes que moram noutros municípios, é vedado o direito ao auxílio-transporte, o qual a própria Lei Orgânica do município assegura.

Por esses e outros motivos, os professores e demais profissionais em educação de Parnamirim estão em greve desde o dia 6 de abril. Eles esperam sensibilizar a secretária de Educação para o diálogo – algo em que ela não demonstrou muito interesse até agora. Urgem reformas estruturais na educação do município, para que os alunos tenham uma formação sólida e possam vir a ser cidadãos atuantes e críticos na sociedade. É dever de todo brasileiro lutar em prol de um sistema educacional de melhor qualidade para todos. Afinal, para fazer um país crescer, a educação tem que estar em primeiríssimo plano – não pode ser do mundo do faz de conta.

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